10 coisas que aprendi depois de me formar

Já vão quase 8 anos desde que me formei. Tornei-me programador a tempo inteiro, e faço disto a minha profissão. Sou um apaixonado pelo que faço. Mas nem tudo é um mar de rosas.
Desde o primeiro dia pós-curso, que trabalho em busca de saber mais. Durante tudo este percurso, cruzei-me com muitas pessoas, sejam colegas ou clientes. Todas elas me ensinaram sempre qualquer coisa, seja enquanto pessoa ou profissional.

O que torna este artigo engraçado para mim, é que está a ser escrito exatamente onde o meu percurso enquanto estudante começou.

Então, vamos lá a esta lista.

1 – O utilizador é “burro”

Espero que não surja nenhum ofendido com isto. O termo não é para ser levado a letra. No entanto, o utilizador mais “nómada”, precisa quase de tudo à sua frente, para que entenda o objectivo da aplicação ou site.
Já dizia o meu professor de programação, para nos lembrarmos sempre, de que o utilizador é possivelmente alguém que não entende tanto quanto nós, nem mesmo os conceitos básicos. Então daí nasce o termo “o utilizador é burro”. Na verdade, os utilizadores apenas não acompanham e raciocínio de quem desenvolve.

Apresentar ao utilizador, tudo o que precisa de uma forma direta e limpa, faz com que a conversão, ou o objectivo seja totalmente concluído, seja ele um clique num botão, ou uma compra.

2 – Mexer no código alheio é um pesadelo

Tal como odeio que mexam nas coisa da minha secretária, odeio mexer no código de outros. Mexer no código alheio, é simplesmente como tentar invadir a cabeça de outro programador, é horrível.

Das duas uma, ou tentamos pensar como o nosso colega, o que nem sempre é fácil, e por vezes mesmo muito difícil, ou fazer da nossa maneira.
A lógica e forma de pensar, varia de pessoa para pessoa. Sendo a programação centrada na forma de raciocínio, torna a sua criação semelhante a forma de pensar de quem a desenvolve. Quando digo entrar na cabeça de outra pessoa, é quase real, pois temos de seguir uma linha de raciocínio que não é a nossa, o que muitas vezes é complicado.

3 – Os clientes são chatos

Agora vou tocar na alma de muita gente.

A maioria dos clientes, havendo as excepções a regra, são sempre chatos. O mar de ideias que têm, como as rápidas mudanças de gostos, tornam a maioria dos clientes chatos. O nosso trabalho, passa por agradar ao clientes, mas muitas vez torna-se um missão quase impossível.
Alguns clientes muitas vezes, não têm tão pouco o modelo de negócio definido quando chegam ás empresas ou freelancers. Trazem algumas ideias daquilo que querem, essa ideias mais tarde passam a algo concreto, que mais a frente até podem passar até mesmo a cópias de outros projectos. Tudo porque o cliente gosta de um outro projecto rival, ou internacional, e quer da mesma maneira, mas com as cores da sua empresa.

Isto para designers e programadores, é frustrante, desmotivante e chato. Para não falar do cliente que liga vezes sem conta, sempre com uma alteração ou pedido fora do orçamento.

4 – Organização é tudo

Desenvolver algo de forma descoordenada e desorganizada, é o pior que pode haver. Projectos pouco definidos, pensados, que são lançados com apenas algumas ideias. Ideias essas, que têm de ser tornadas realidade.
No meio destas ideias, surgem novas ideias, e outra anteriormente apresentadas, são retiradas. Projectos como estes, é quase como cozinhar, deixar arrefecer para depois voltar a aquecer. Já não tem o mesmo sabor.

Estas situações podem acontecer, ou por culpa de quem comanda o projecto, neste caso o gestor, ou por causa de um cliente que sabe, mas não sabe o que quer.

5 – Não conseguimos agradar a todos

Por mais que trabalhemos, nunca vamos conseguir agradar a toda a gente. É humanamente impossível.
Encontrarás sempre pessoas que irão olhar para o teu trabalho, como sendo fraco, mal concebido ou que não tem o necessário para o objectivo proposto.

Já me cruzei com muitas pessoas, e por mais que te esforces, os gostos de cada um é algo bastante pessoal, e que torna difícil chegar a todos.

Quem normalmente dificulta esta tarefa, é quem trabalha a nossa volta, que se torna exigente demais. E quanto mais pessoas envolves, mais difícil se vai tornando.

6 – Não serás milionário só pela tua profissão

Acho engraçado quando as pessoas sabem a minha profissão. Automaticamente assumem que recebo muito dinheiro, que tenho um topo de gama a porta. É mentira!

Referindo-me ao país em que trabalho, todo o ramo da informática não é pago como por lá fora. Tenho conhecimento de colegas de profissão que recebem praticamente o ordenado mínimo, e isto não pode ser normal.

Se achas que por seres programador, do dia para a noite começas a receber milhares, e até mesmo abres uma empresa com um estalar de dedos, a desilusão pode ser o teu caminho. A uns anos, quando a área ainda estava no seu inicio de vida, abrir uma empresa e ganhar algum bom dinheiro, sim era bastante provável.
Hoje terás de ter uma ideia milagrosa, que leve o mundo a loucura, e consigas rentabilizar essa ideia. Ou ainda ter por ele, um interesse das grande empresas que te paguem valores astronómicos opor eles.

7 – Quem paga menos, pede mais

Este é o tópico que me toca profundamente.
A uns tempos, falei aqui cobre o meu drama profissional, e nele referi os “projectos 0”, que normalmente os clientes com este tipo de projectos, são os mais exigentes.
Projectos como estes, são normalmente executados dentro dos intervalos de projectos, dentro do possível, pois não existe um orçamento, um momento de paragem quando chega o seu limite. Ao não existir esse ponto de paragem, o cliente assume que pode continuar a pedir, e em timings muito apertados, e ainda fica insatisfeito quando isso não é cumprido.

Visitem o meu outro artigo, que fala mais a fundo sobre este assunto.

8 – É tudo para ontem

A minha ideia, quando comecei, é que ia começar um projecto, com tempos estipulados e que tudo ia sempre correr bem (sem contar com os bugs, isso aparece sempre, principalmente quando parece tudo estar bem), ter tempo para desenvolver. Isso não acontece. Grande parte dos projectos, têm de ser realizados quase da noite para o dia. Isso para além de stressante, pode resultar em maus resultados.
O dedo nesta situações, tem de ser apontado, claro está, a quem planeia, aceita as propostas. Nós somos sempre a ultima barreira, entre o ponto inicial do projecto e o final do mesmo. Muitas vezes, somos colocados em posições complicadas, e até de ter de abdicar da vida pessoal. Não falo num caso pessoal, mas casos que conheço.

A vida pessoal e a estabilidade emocional, é essencial, seja em que profissão seja. Essa estabilidade nasce, da vivência da vida pessoal, e do tempo para si mesmo, o que algumas empresas não proporcionam. Encantam os desenvolvedor, designer, quem seja, com salários elevados, tendo em conta sempre a palavra “mas” no final da citação de quem oferece o projecto.

9 – Estudar, e muito

O quanto eu adorava, de muitas vezes chegar a casa e não ligar o computador. Adorava, seria fantástico. Mas admito que tenho um problema, sou sedento por informação, por saber sempre mais.

Nunca fui muito de estudar, nunca gostei. Apesar de ter capacidade, não tinha paciência, até descobrir aquilo que mais gosto de fazer.
Como alguém um dia me disse, informação é poder. Quando mais informado e souberes sobre algo, mais “poder” terás. Poder de fazer a diferença, de ajudar e passar o teu conhecimento a outros.

As TI’s são um mundo tão grande, que parar de procurar novas informações, é para a meio de uma maratona sem fim à vista.

10 –  Tudo tem de ser feito com paixão

Este tópico será a conclusão do meu artigo.

A prova de que para ser programador, é preciso se ter paixão pelo que se faz, é ter visto muitos antigos colegas a abandonarem a profissão. Mais tarde ou mais cedo, acabaram por perceber, que na realidade não era aquilo que queriam. Entraram no mundo professional com uma perspectiva, fosse monetária ou mesmo pelos realização desorganizada dos projectos.

As empresas vão sempre continuar a esmiuçar os funcionários, em troca de lucros, e salários cobertos de promessas futuras que nunca chegam.