Devem as empresas adoptar o trabalho remoto?

O trabalho remoto não é algo tão recente como muitas pessoas pensam. Perguntem aos meus pais, quantas vezes ouviram falar de tele-trabalho ou trabalho remoto? Eles iram responder: “Poucas ou nenhumas”. Se continuar a dialogo, certamente nem como funciona bem as coisas, eles certamente iram conseguir explicar. Não que sejam incultos, mas ainda tem um formato mental de escritório, de que é preciso estar presencialmente para que todo o trabalho seja executado.

O Covid-19, não trouxe o trabalho remoto. Apesar de muitas empresas alegarem um salto de 10 anos, a nível tecnológico, a verdade é que não foi um salto… mas sim um atraso.

Falei um pouco deste tema, no artigo de como ser produtivo trabalhando remotamente. Neste artigo, quero dar uma outra prespectiva.

Devem as empresas adoptar este tipo de politica? Ainda que pontualmente? Vamos lá!

Vantagens para o trabalhador

Obviamente, existem várias vantagens para o trabalhador, que direta ou indiretamente, vai de encontro também às prespectivas do empregador, mas já lá vamos.

Enquanto trabalhador, e pessoa que já trabalhou remotamente (em tempos normais), esta é uma solução que tens pros e contras, no entanto, pode ser muito positivo.

Numa opinião mais própria, o local físico da equipa, deve ser sempre considerado, tal como eventos, de forma a que exista alguma ligação entre as pessoas que trabalham juntas. Por muito que seja uma boa politica o trabalho remoto, o contacto visual e físico, é sempre um bom ponto de partida para melhorar um relacionamento entre a equipa.

As principais vantagens, passam por uma gestão de tempo bem melhor, do que se tivermos de nos deslocar para os escritórios todos os dias. O tempo despendido em trajectos, pode ser compensado com um melhor descanso dos funcionários, ou chegando mesmo ao iniciar a actividade mais cedo.

Para muitas pessoas, a produtividade é também ela reforçada desta forma. Estar no seu espaço, sem confusão e mais silêncio, chega a ser uma forma de ganhar concentração, melhorar o foco, e dessa forma aumentar a produtividade.

Aqui, pode também acrescentar-se, um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Coloque-mos aqui, um entusiasta por desporto, que todos os dias vai ao ginásio. Com o trabalho remoto, este equilíbrio pode ser feito da melhor forma possível, aproveitando a hora de almoço para o fazer, quase sem sair da sua zona de residência, tendo tempo para exercer no seu intervalo outras actividades.

Desvantagens para o trabalhador

Talvez a principal desvantagem, seja exactamente a falta de contacto com outros membros da equipa. A proximidade entre os membros das equipas, leva sempre a um melhor fluir das actividades. Isto não implica claro, que as equipas sejam menos produtivas. Existe sempre a opção, que muitas empresas usam, como eventos anuais ou bi-anuais, que proporcionam aos elementos em trabalho remoto, que se encontrem pessoalmente, criando laços.

O mesmo já não acontece com freelancers, que por norma, trabalham de forma solitária, tendo pouco ou nenhum contacto com outros da sua área.

Outra desvantagem, será sempre as contas ao final do mês. Neste ponto, a empresa acaba por ser talvez a principal vencedora. Trabalhando em casa, o consumo de energia, e outros, é sempre maior, pois é onde passamos praticamente todo o nosso dia. É normal que este consumo, caia para o lado do trabalhador, e não da empresa. Hoje em dia, muitas empresas já incluem um certo valor no salario, de forma a que o colaborador possa comprar coisas que necessite para o seu trabalho no dia-a-dia.

Vantagens para as empresas

Apesar de ter referido acima, que um local físico da empresa, é sempre algo que gosto e aconselho, esta pode ser a maior vantagem: não o ter de todo!

Também referido acima, a empresa não necessita, nem tem desta forma, várias contas para pagar, despendendo apenas, uma pequena percentagem no ordenado, de forma a ajudar com algumas despesas laborais dos colaboradores.

Não ter um espaço físico, elimina internet, pagamentos de água e luz, e mesmo um arrendamento. A empresa basicamente, é sediada não num, mas em centenas ou milhares de casa por todo o mundo (se for aplicável), onde cada um dos seus colaboradores reside.

Outra vantagem do colaborador, é também aqui enquadrado, que é as não deslocações dos empregados, sendo que estes acabam por estar a algumas divisões do seu escritório, evitando atrasos, e manhãs stressantes de transportes e transito caótico.

As marcações de reuniões também é uma vantagem para as empresas. A perda de tempo, de saltar de sala em sala, ou mesmo de edifício em edifíco, é totalmente facilitada, ficando apenas a distância de um clique (ou dois).

Algumas notas

Em Portugal, segundo o estudo da Eurofund em 2017, apenas 2% dos Portugueses em território nacional, estava num regime de trabalho remoto constante.

Outro dado interessante, é que 23.9% dos portugueses que trabalham em escritório, preferiam estar a trabalhar remotamente, em casa ou em co-workings, mas apenas 14% têm essa oportunidade, sendo que 55% são mulheres.

Conclusão

Sabemos que o nosso futuro, não será mais o mesmo depois do Covid-19, e que muitas coisas do nosso dia-a-dia, serão diferentes, especialmente ao nível tecnológico. A implementação tardia destas medidas, acabou a ser forçada por uma doença “desconhecida”, que obrigou a saltou tecnológicos de muitas empresas, que ainda hoje, olham com desconfiança para os seus funcionários.

Estas medidas de trabalho remoto forçado, esperamos nós, abram a mente de empresas grande, mas geridas por pessoas pequenas, a terem confiança em quem faz as aguas agitarem, e o dinheiro entrar nas suas contas.

Desta forma, as empresas devem implementar esta forma de trabalhar a médio prazo, trazendo vantagens para ambos, empresa e trabalhadores, que ficam com um gestão mais própria, e sendo a empresa, menos gastadora em recursos.